Banca Examinadora
(titulares)
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Prof. Dr. Fábio Bonfim Duarte (UFMG) Prof. Dr. Guilherme Lourenço de Souza (UFMG) Profa. Dra. Heloisa M. Moreira Lima de Almeida Salle (Universidade de Brasília, Instituto de Letras) |
Resumo |
A aplicativização é um fenômeno linguístico no qual um objeto aplicado é introduzido na estrutura verbal. Tal fenômeno é codificado por meio de uma categoria léxico-funcional, o núcleo aplicativo (Appl), que pode ser realizada morfologicamente por um sufixo. O processo de aplicativização é comumente realizado nas línguas do grupo linguístico Bantu que pertence à subfamília Níger-Congo e à família linguística Congo-Kordofaniana , tal qual se observa em Changana, língua bantu classificada como S.53 por Guthrie (1967/71). Essa língua é falada na região sul de Moçambique por cerca de 1.919.217 falantes, segundo o INE (2017). A discussão proposta na literatura linguística (Bresnan e Moshi, 1990; Pylkknen, 2008) é a de que esse processo engatilha a inserção de um objeto aplicado (AO) que possui propriedades sintático-semânticas distintas como, por exemplo, a possibilidade de ser passivizado ou marcado no verbo; o licenciamento de papéis temáticos distintos e a relação semântica que mantém dentro da estrutura a qual é inserido. À luz dos trabalhos de Chomsky (2001) e McGinnis (2008) e a partir de dados de Changana coletados por meio da revisão bibliográfica do trabalho de Chimbutane (2002) e por meio de questionário, o objetivo deste trabalho é relacionar as diferentes propriedades sintático-semânticas dos objetos pós-verbais à proposta de derivação por fase, observando como a derivação sintática das construções aplicativas influencia o comportamento sintático-semântico dos objetos aplicado e direto. A hipótese que levanto é que os dados da língua Changana apresentam núcleo aplicativo alto, que encabeça uma fase, de modo que nos contextos não-marcados esse núcleo não aciona o traço EPP de margem, impossibilitando que o objeto direto saia do nível VP e gerando construções assimétricas. Enquanto em construções aplicativas focalizadas o núcleo aplicativo dispõe do traço EPP possibilitando que o objeto direto seja focalizado ou marcado no objeto e gerando construções simétricas. A justificativa deste trabalho se dá pela intenção de divulgar trabalhos da linha teórico-descritiva desenvolvidos a partir do estudo de línguas minoritárias, uma vez que, embora as línguas Bantu sejam muitas e diversas, poucos trabalhos teórico-descritivos são encontrados na literatura linguística. |
Palavras-chave |
Aplicativização, Changana, comportamento assimétrico e simétrico, derivação sintática, objeto aplicado, objeto direto |